Quem sou eu? Sempre me esbarro nessa pergunta, seja em alguma ficha de inscrição ou na hora de dormir, e hoje dando uma renovada no layout do blog, não foi diferente. Aí vem um monte de coisas na cabeça.
Quarta passada, na minha aula de palhaço, fizemos um exercício que também trazia essa indagação. Como só tinha alguns minutos para responder e ainda tinha que prestar atenção na bola para que ela não fosse ao chão, acabei respondendo aquilo que nem eu mesma esperava, muito diferente do que responderia em uma ficha de análise psicológica, em uma definição para uma página na internet ou para uma pessoa que me contrataria para o emprego dos meus sonhos. Mas afinal, seria eu aquela que preocupada em não deixar a bola cair, respondeu claramente um pouquinho do que mais importa? Ou o que menos importa? Afinal, o que importa quando falamos de nós mesmos?
Nanaí, 23 anos, solteira... não, não, não consigo me definir em linhas já prontas e respostas mais prontas ainda. Esta não sou eu. Tudo bem que não existem muitas Nanaí's por aí, mas quantas pessoas solteiras? De 23 anos? Talvez eu seja aquilo que faço, que gosto, que penso.
Gosto de ler, bolo de cenoura com chocolate, gosto de poesia, do cheiro de terra molhada no fim de tarde, gosto de dormir, de chuva, de conchinha, se puder juntar esses três ultimos fica perfeito com vinho e filme, gosto de andar de bicicleta, pago academia mas não gosto de ir, e como gosto de fazer só o que gosto não vou, mas não gosto do meu trabalho e vou mesmo assim, mas um dia vou trabalhar com o que gosto, gosto de palhaços, de teatro, gosto de cantar no chuveiro, mas não gosto de fechar os olhos enquanto tomo banho, por isso meus olhos ficam vermelhos e disso eu não gosto, então uso shampoo de bebê que não arde os olhos, mas quem não gosta disso são os meu cabelos que pedem um shampoo de gente grande, coisa que eu não sou, pois sou pequena, pequena de tamanho, de pé, mas não de coração, gosto de leite com nescau gelado quando acordo e leite com nescau quentinho antes de dormir, mas só quando está frio, gosto do frio, mas não sei se gosto mais do calor, gosto de sol, de praia, de cheiro de mar, de nadar, de correr, de me apaixonar, gosto de gatos, e mais ainda de cachorros, gosto de cachorros de todos os tipos, mas prefiro os vira-latas, gosto de rir, de música, de viajar, pra qualquer lugar, gosto de crianças, de beijos de amor, de amar, não gosto de chorar, mas choro, e muito, dizem que é porque eu sou sensível, então eu não ligo, porque gosto de ser sensível, mas nem sempre, sou São Paulina de nascência, Atleticana por influência, mas não gosto de futebol, gosto da pontinha do sorvete, de comida japonesa, e à pouco tempo descobri que gosto muita da mexicana também, além da mineira, da italiana e da melhor do mundo que é a da minha mãe, gosto de Freud mas prefiro Jung, gosto de Marx, apesar de achar que quanto mais leio sobre ele menos sei sobre o que ele representa, gosto do mundo em que vivo, mas queria que ele fosse um pouquinho diferente, quero mudar muita coisa mas sei que preciso começar mudando alguma coisa, mas não sei por onde começar, então começo por mim, se "penso, logo existo", vivo, logo Sou!
"Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo entendimento." (Clarice Lispector)
Lembro quando fiquei sabendo. Cheguei em casa cansada, depois de uma aula de teatro, entrei na internet e vi um recado da sua mãe. Um depoimento que começava como quem não quer nada: "Oi Naninha, tudo bem???". E acabava assim: "eu não sei como vai ser agora, mas eu estou muito feliz." Meu coração disparou, a perna enfraqueceu, a boca secou, mas assim como ela, eu fiquei feliz! E proporcionando essa alegria você chegou, ainda não te conheço, mas já a amo, e confesso, estou muito curiosa para sentir seu cheirinho, olhar pra vc e dizer: "Filha de borboleta só podia ser flor mesmo!"
